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Ex-aluna apresenta espuma cerâmica ecológica em evento internacional

Apresentado na Intel ISEF 2019, estudo desenvolvido pela técnica em Metalurgia formada pelo IFMS chamou a atenção de pesquisadores estrangeiros pelo viés sustentável.
por Juliana Aragão publicado: 27/05/2019 09h30 última modificação: 07/09/2020 12h26

Maria trouxe uma série de aprendizados do evento científico internacional - Foto: Arquivo Pessoal

Natural de Ladário, cidade com pouco mais de 20 mil habitantes que tem o Pantanal como cenário, Maria Aparecida Trindade da Silva nunca imaginou que aos 19 anos viajaria ao exterior para apresentar uma pesquisa na maior feira científica de ensino médio do mundo. Pois o improvável aconteceu e foi graças à educação profissional e tecnológica.

Formada recentemente no curso técnico em Metalurgia oferecido pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) em Corumbá, a jovem sul-mato-grossense participou, entre os dias 12 e 17 de maio, em Phoenix, no Arizona (EUA), da Intel ISEF, feira que este ano reuniu mais de 1,8 mil estudantes de 80 países.

Maria chegou lá porque a pesquisa que desenvolveu durante o curso técnico integrado ao ensino médio foi premiada na Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal em Corumbá (Fecipan), evento promovido pelo IFMS, e depois na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), onde foi credenciada para a Intel ISEF.

Sob orientação do professor Felipe Fernandes de Oliveira, o estudo foi desenvolvido por um período de um ano e oito meses. Entre julho de 2017 e junho de 2018, a então estudante do IFMS recebeu uma bolsa de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como incentivo à pesquisa.

"A ciência me abriu um leque de oportunidades e de novos horizontes que eu nunca sequer cogitei vivenciar. Serei eternamente grata ao IFMS por me incentivar a fazer pesquisa e à minha família, que me apoiou até aqui", agradeceu a ex-aluna Maria Aparecida.

Pesquisa - Intitulada "Obtenção de espuma vítrea a partir de resíduos sólidos gerados na região urbana de Corumbá - MS, a pesquisa desenvolvida pela ex-aluna do IFMS não recebeu prêmios na feira científica internacional, mas chamou a atenção de pesquisadores estrangeiros pelo viés sustentável.

Maria desenvolveu uma espuma cerâmica com potencial para ser aplicada no revestimento interno de fornos de carvoarias e na construção civil, como isolante térmico e acústico. O diferencial é a utilização de resíduos sólidos - no caso, vidros de garrafas descartadas nas ruas de Corumbá - e o fino do carvão vegetal, um resíduo das carvoarias.

"Existem diversas espumas vítreas, o que difere uma da outra é o agente espumante e o método de produção. Não encontrei na literatura estudos que utilizam o mesmo agente espumante usado no produto que desenvolvi, no caso o fino de carvão vegetal, e nem o método de produção aplicado na pesquisa", explicou a técnica.

A técnica em Metalurgia explica que tanto a matéria-primeira utilizada quanto o método de produção foram os fatores que mais chamaram a atenção de pesquisadores estrangeiros na Intel ISEF.

"Percebi que o estudo teve uma boa receptividade por ser voltado à sustentabilidade, uma vez que não é necessário retirar matéria-prima da natureza, e também por ser de baixo custo, pelo alto potencial para ser patenteado e porque a espuma vítrea é produzida com um método simples, que não demanda tanta tecnologia", pontuou Maria.

Aprendizado - Os seis dias nos Estados Unidos ampliaram os horizontes de Maria, que está na fase final de um processo seletivo da Marinha do Brasil, mas que futuramente pretende cursar Engenharia de Materiais e dar continuidade à pesquisa no ensino superior.

Um dos aprendizados na Inte ISEF foi compreender a importância da fluência em inglês na vida de um pesquisador. 

"O inglês é tão essencial que, na minha concepção, de nada adianta ter um trabalho incrível se você não consegue passar a ideia do projeto, como e porque foi desenvolvido e o que você está fazendo para mudar o mundo", destacou.

Outra experiência que Maria trouxe do evento internacional foi a questão da proteção do conhecimento, ponto bastante questionado na avaliação do estudo apresentado pela técnica.

"A Intel é muito voltada para a ideia de tirar o projeto do papel e colocar em prática, não deixar que seja desenvolvido, concluído e deixado de lado, tanto que há premiações com recursos para se investir em patente. Os avaliadores consideraram a espuma cerâmica que desenvolvi um novo material com potencial para ser patenteado e que, futuramente, poderia produzido por alguma indústria", relembrou.

Por fim, a jovem sul-mato-grossense confirmou algo que já sabia: que a iniciação científica transforma vidas.

"A ciência me abriu um leque de oportunidades e de novos horizontes que eu nunca sequer cogitei vivenciar. Certamente, chegarei na graduação com bagagem e muita disposição para novos estudos. Serei eternamente grata ao IFMS por me incentivar a fazer pesquisa e à minha família, que me apoiou até aqui", agradeceu Maria.