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Iniciação científica reflete importância da pesquisa para sociedade

Alinhados aos eixos de atuação de cada campus do IFMS, projetos de pesquisa contribuem com a formação dos estudantes e atendem a demandas regionais.
por Juliana Aragão publicado: 06/08/2019 16h59 última modificação: 19/08/2019 17h05

Estimular estudantes a voltar os olhos para os problemas da sociedade e desafiá-los a encontrar soluções por meio da pesquisa aplicada. Esse é um dos propósitos do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) que, neste mês, inicia mais um ciclo de execução dos projetos.

No ciclo finalizado, compreendido entre agosto de 2018 e julho de 2019, foram desenvolvidos 178 projetos de pesquisa que envolveram 405 estudantes de cursos técnicos e da graduação dos dez campi, seja como bolsistas ou voluntários.

Ana Landfeldt da Silva, 18, e Evandro Oliveira, 19, técnicos em Alimentos formados pelo IFMS e, atualmente, estudantes do curso técnico subsequente em Aquicultura oferecido pelo Campus Coxim, estavam nessa lista. Orientados pela professora Felícia Ito, os jovens desenvolveram uma pesquisa que busca obter ácido cítrico a partir dos resíduos de milho e do bagaço da cana de açúcar por meio da biotransformação.

"O estudante aperfeiçoa a forma de estudo e é estimulado a buscar conhecimento, e isso tudo auxilia no êxito, que também é um impacto positivo para a instituição. Para a sociedade, o principal reflexo é que formamos massa crítica capaz de buscar soluções para os problemas do cotidiano", ressalta Marco Naka, pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMS.

“O processo se baseia nos princípios da fermentação, é como fazer vinho a partir da uva. Em nosso estudo, utilizamos um fungo isolado comum em plantas nativas do Pantanal para transformar o resíduo do milho e do bagaço da cana em ácido cítrico. Além de ter um custo mais baixo, a biotransformação não agride o meio ambiente”, explica a orientadora.

No caso da indústria alimentícia, o ácido cítrico pode ser utilizado como acidulante, substância que tem a função de intensificar o gosto ácido de alimentos, e antioxidante, que inibe os efeitos da oxidação.

Mais do que inovador, o projeto vai ao encontro de uma demanda regional. Em um estado produtor de cana de açúcar e de milho, como reaproveitar os resíduos dessas culturas?

"Tanto o bagaço da cana quanto a palha do milho são subprodutos abundantes em nossa região e ambos não têm destinação viável. Ao observamos esse problema, resolvemos dar uma utilidade a esses resíduos que pudesse reduzir os impactos ambientais e desenvolver algo útil para a área de alimentos", explica Evandro.

Para os estudantes que participaram do projeto como bolsistas, a iniciação científica foi transformadora. Ajudou na formação obtida dentro do IFMS e na forma de enxergar o mundo.

“Por meio da iniciação científica, vivenciei experiências que nunca imaginei. Viagens, participação em congressos e feiras, apresentação do projeto ao público, o que é algo mágico. Virei uma pessoa até mais extrovertida, e isso fez com o que eu passasse a amar a ciência e a buscar soluções para os problemas do nosso dia a dia”, ressaltou Ana.

O pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFMS, Marco Naka, destaca os impactos positivos da iniciação científica para o estudante, a instituição e a sociedade.

"O estudante aperfeiçoa a forma de estudo e é estimulado a buscar conhecimento, e isso tudo auxilia no êxito, ou seja, na conclusão do curso. Esse também é um impacto positivo para a instituição, que vê seus indicadores melhorarem. Para a sociedade, o principal reflexo é que formamos massa crítica capaz de buscar soluções para os problemas do cotidiano".

Popularização da ciência - O IFMS tem como um de seus macro-objetivos institucionais, previstos nos últimos Planos de Desenvolvimento Institucionais, a popularização da ciência e da tecnologia.

Uma das ações para atingir esse macro-objetivo é a realização das Feiras de Ciência e Tecnologia do IFMS e do Seminário de Iniciação Científica (Semict), eventos promovidos anualmente pelos dez campi da instituição como parte da programação da Semana de Ciência e Tecnologia.

“Por meio da iniciação científica, vivenciei experiências que nunca imaginei. Viagens, participação em congressos e feiras, apresentação do projeto ao público, o que é algo mágico. Virei uma pessoa até mais extrovertida, e isso fez com o que eu passasse a amar a ciência e a buscar soluções para os problemas do nosso dia a dia”, ressaltou a estudante, Ana Landfeldt da Silva.

As feiras científicas reúnem trabalhos de estudantes do ensino fundamental (6º ao 9º ano), médio e técnico integrado, de escolas públicas e privadas, dos municípios onde o IFMS tem campus. Já o Semict é o espaço para que acadêmicos dos cursos de graduação do Instituto Federal apresentem as pesquisas desenvolvidas em programas de iniciação científica.

Dados da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação (Propi) revelam que, entre 2014 e 2018, foram apresentados 3.120 trabalhos nas feiras científicas e nas edições do Semict. 

Em relação às feiras, a série histórica revela que o total de trabalhos apresentados cresceu mais de 150% entre 2014, quando os participantes expuseram 311 projetos, e 2018, ano em que esse número saltou para 795. Os eventos tornaram-se uma importante vitrine da produção científica em Mato Grosso do Sul.

"O IFMS está presente em dez municípios e também atua nas cidades do entorno. O efeito das feiras científicas nos estudantes das escolas municipais, estaduais e privadas é muito positivo porque eles são estimulados a desenvolver pesquisa. É a cultura da ciência e da tecnologia sendo plantada pelo IFMS", ressalta o pró-reitor Marco Naka.

Série histórica do número de trabalhos apresentados nas Feiras de Ciência e Tecnologia do IFMS

As feiras do IFMS ainda possibilitam que os estudantes participem de eventos estaduais, nacionais e até internacionais. Isso porque, além de prêmios, os eventos credenciam para a Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (Fetec/MS), organizada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

"Um trabalho produzido em um pequeno município pode sair da feira estadual credenciado para um evento nacional como a Febrace [Feira Brasileira de Ciências e Engenharia) e até internacional, como a Mostratec [Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia]. Lembrando que esses dois eventos ainda credenciam para a Intel ISEF, a maior feira científica de ensino médio do mundo, na qual estudantes do IFMS já obtiveram 11 premiações", destaca Naka.

Entre 2014 e 2018, segundo os dados da Propi, os estudantes do Instituto Federal conquistaram 197 prêmios na Fetec/MS, 79 na Febrace e 10 na Mostratec.

Investimentos - Para financiar os 178 projetos de pesquisa e conceder bolsas aos 405 estudantes envolvidos com iniciação científica no ciclo 2018-2019, foram investidos R$ 564.540,39. No caso das bolsas, os recursos são provenientes do orçamento do IFMS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científica e Tecnológico (CNPq).

A série histórica de investimentos mostra que, entre 2010 e julho de 2019, quando foi encerrado o último ciclo da iniciação científica, foram investidos R$ R$ 3.564.927,39, com o desenvolvimento de 928 projetos de pesquisa.

O desafio em relação aos investimentos na área da pesquisa, segundo o pró-reitor, é buscar outras fontes de recursos, com iniciativas como os editais de Pesquisa Aplicada e Extensão Tecnológica (Paet). Em quatro anos desde sua criação, estes editais captaram mais de R$ 65 mil reais de fomento externo.

"Desde 2016, o IFMS tem buscado alternativas para captar recursos externos. É importante ter o financiamento público, mas também temos que ter a proatividade de buscar o apoio do setor produtivo. Isso estimula a cultura das parceiras e faz com que a sociedade passe a enxergar a instituição como uma possibilidade para resolver seus problemas", pontua Naka.

Ciclo 2019-2020 - Para o novo ciclo da iniciação científica, foram selecionadas 211 propostas de projetos de pesquisa com a participação de 497 estudantes do IFMS. Desse total, 218 deverão ser contemplados com bolsas.

As pesquisas serão desenvolvidas entre agosto deste ano e julho de 2020, gerando produtos ou processos com foco na busca por soluções criativas e inovadoras a problemas da sociedade. São protótipos, dispositivos, planos de ação, manuais, cartilhas, softwares, sites, aplicativos, procedimentos, entre outros exemplos.