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Residência Agrícola

Programa amplia perspectivas profissionais de bolsistas

Ofertada pelo Campus Nova Andradina, AgroResidência permite que alunas e egressas aprimorem os conhecimentos sobre diferentes temas
por Cleyton Lutz publicado: 11/03/2021 14h25 última modificação: 19/03/2021 09h07

Thaís IFMS

Thaís, uma das bolsistas do AgroResidência, desenvolve suas atividades em um viveiro de mudas (Foto: acervo pessoal)

Na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, as bolsistas do Programa Residência Profissional Agrícola (AgroResidência), do Campus Nova Andradina, provam que o agronegócio é sim um espaço feminino. 

Em um ambiente normalmente associado ao público masculino, as mulheres compõem o grupo de bolsistas que tem atuado sob supervisão em unidades residentes da região, com o objetivo de aprimorar conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao exercício profissional, através de treinamento intensivo em serviço profissional. Outro foco é no desenvolvimento do senso de responsabilidade ética no exercício das atividades profissionais. 

As cinco bolsistas que integram o AgroResidência são estudantes e egressas dos cursos técnico em Agropecuária e da graduação em Agronomia. O primeiro processo seletivo foi feito em dezembro do ano passado. 

As bolsas mensais vão de R$ 900 a R$ 1.200, para 40 horas semanais de atividades, com duração até fevereiro do próximo ano. Os valores são fornecidos pela pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)

O projeto do Campus Nova Andradina foi um dos 75 aprovados, sendo oito deles na região Centro-Oeste. A previsão é de que a unidade receba 109 mil reais para desenvolver as atividades durante 12 meses. 

Brenda IFMS

Brenda atua no AgroResidência no setor de qualidade de uma empresa de alimentos (Foto: acervo pessoal)

Profissão – O AgroResidência tem servido para ampliar as perspectivas das participantes, proporcionando o contato com atividades profissionais com as quais nem sempre é possível se aprofundar durante a graduação. 

É o caso de Brenda Silva, 23. Ela já concluiu as atividades do bacharelado e aguarda apenas a colação de grau. Brenda realiza a AgroResidência na empresa Amidos São João, localizada no município, onde tem atuado no setor de qualidade. 

“Inicialmente eu imaginava que iria a campo verificar a produtividade, além do controle de pragas e doenças. No entanto, tenho acompanhado a chegada do produto, mandioca no caso, seu processamento e produto final. As atividades do setor da qualidade que desenvolvo têm sido novas para mim, uma vez que não vi o tema de maneira extensiva na graduação. Inclusive, depois que comecei aqui, já tomei conhecimento de cursos sobre o tema, que pretendo fazer futuramente”, conta. 

O mesmo vem acontecendo com Thaís dos Santos, 24, que concluiu o curso ano passado. Ela, que também se formou no técnico integrado em Agropecuária no Campus Nova Andradina, participa do programa na empresa local AgroFlora, realizando atividades ligadas a manutenção de viveiros de mudas e paisagismo. 

“Sobre o conteúdo de floricultura e paisagismo, o que vemos na graduação é o básico. Estou gostando bastante e creio que seja essa área que eu vá seguir. Também tenho aprendido bastante sobre vendas na área, que é uma coisa com a qual eu tinha pouquíssima afinidade”, relata. 

"Sobre o conteúdo de floricultura e paisagismo, o que vemos na graduação é o básico. Estou gostando bastante e creio que seja essa área que eu vá seguir", relata Thaís.

Além de novas atividades, a AgroResidência pode ainda mudar a maneira como as bolsistas observam o ambiente de trabalho. Izamara Machado, 22, já concluiu as unidades curriculares do curso – agora falta o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) e a equiparação do estágio para ela se formar – e tem realizado as atividades do programa na empresa Geo Ceres Assessoria e Projetos Rurais. 

“Muitas pessoas pensam que a Agronomia se resume ao trabalho de campo, mas antes disso tem uma etapa importante que também passa pelas mãos do agrônomo, ligada à liberação de crédito rural e investimento. É uma área com a qual eu não tive contato, ainda fico um pouco confusa com algumas siglas e documentações, mas que tem se mostrado bem interessante do ponto de vista profissional”, destaca. 

O mesmo se aplica a outra bolsista, Gislaine dos Santos, 23 – que assim como Izimara depende apenas do TCC e do estágio para concluir o curso – e tem como unidade residente a Cooperativa Agroindustrial do Vale do Ivinhema (Coopavil), na loja veterinária da empresa. 

“Escolhi a cooperativa por estar relacionada a atividade leiteira, que minha família desenvolve em nossa propriedade. Inicialmente foi uma opção voltada a oportunidade de se trabalhar em campo, visitando propriedades. Apesar de não ter sido minha opção inicial trabalhar na loja veterinária, tenho achado a dinâmica interessante por aprender mais sobre atendimento”. 
Izamara IFMS

Izamara participa do programa trabalhando com assessoramento e projetos rurais (Foto: acervo pessoal)

Mulheres no agronegócio – O programa também consolida a participação feminina no agronegócio, espaço normalmente associado ao público masculino. 

Nos cursos de graduação do IFMS de Ciências Agrárias e no eixo tecnológico de Recursos Naturais, dos campi Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã, dos 629 estudantes matriculados, o público feminino corresponde a 37,5%, segundo dados da Pró-Reitoria de Ensino (Proen). 

As principais dificuldades, conforme relatado pelas bolsistas, dizem respeito principalmente as atividades externas e ao mercado de trabalho. 

"Quando se tratava de visitas técnicas ou algum evento fora do Instituto, pude perceber a resistência por parte de alguns profissionais, que voltavam seus discursos prioritariamente para os meninos", conta Gislaine

“Durante a graduação nunca passei por situações do tipo, os professores sempre nos deixavam muito à vontade. No entanto, quando se tratava de visitas técnicas ou algum evento fora do Instituto, pude perceber a resistência por parte de alguns profissionais, que voltavam seus discursos prioritariamente para os meninos”, conta Gislaine. 

“Já aconteceu de eu ir entregar um currículo e o responsável pela empresa me dizer que precisava de um homem para a vaga”, diz Thaís. “Algumas amigas, que estudaram comigo, contaram que foram procurar emprego e não conseguiram, pois a preferência era dada aos homens. É uma situação complicada que aconteceu com elas e pode acontecer comigo também”, reforça Brenda. 

“Além de preferir profissionais do sexo masculino, existe o fator ‘experiência’. Geralmente saímos da graduação sem experiência e isso se soma ao fato de sermos mulheres”, opina ela. 

Gislaine IFMS

Gislaine atua na loja veterinária de uma cooperativa de Nova Andradina (Foto: acervo pessoal)

Proteção – As atividades do AgroResidência tem acontecido de maneira presencial, mesmo com a pandemia do novo coronavírus. Para isso, as unidades residentes assinaram uma declaração que possuem autorização para funcionar regularmente, por desenvolver atividades essenciais. 

Além disso, as empresas declararam o compromisso em atender integralmente as normas de segurança do trabalho e as estabelecidas pelo Ministério da Saúde, que trata da prevenção ao contágio da Covid-19. Os residentes também declararam, para os devidos fins, que foram orientados pela instituição. 

“Eles informaram ainda que apresentam boa saúde, não possuem quaisquer sintomas relacionados à doença e, sendo assim, estão aptos a executar a residência. Em caso de aparecimento de sintomas, elas devem comunicar ao supervisor ou orientador da residência, ficando afastadas pelo período 14 dias”, explica o coordenador do AgroResidência e docente do Campus Nova Andradina, Gutierres Silva. 

Seleção – O programa está com uma vaga aberta para estudantes do ensino técnico integrado. Os interessados devem ter disponibilidade de 40 horas semanais para em atuar em uma das unidades residentes dispostas no edital de abertura. O valor da bolsa é de R$ 900 mensais. 

As inscrições podem ser feitas até sábado, 13. O candidato deve preencher formulário eletrônico e encaminhá-lo, junto ao RG e CPF, ao correio eletrônico  (tudo deve estar em um único arquivo). A seleção será feita por uma comissão examinadora através de avaliação oral individual, realizada de maneira virtual no dia 15 de março.  

Programa – Por meio do edital n° 01/2020, o MAPA abriu a seleção de propostas para o AgroResidência, em conformidade com a Portaria n° 193, de junho deste ano.

No total, serão investidos mais de R$ 17 milhões no programa, divididos de acordo com as regiões do país. O processo seletivo foi realizado em duas etapas, sendo uma classificatória e outra eliminatória. O resultado final foi divulgado no início do mês. No total, 454 projetos participaram do edital.