Em 2022, mais uma vez o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) foi premiado em eventos científicos, graças a projetos de pesquisa desenvolvidos por estudantes de cursos técnicos integrados de nível médio, sob orientação dos professores da instituição.

Na 12ª edição da Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (Fetec MS), realizada no fim de outubro, em Campo Grande, 20 trabalhos foram classificados nas primeiras colocações, de acordo com as áreas do conhecimento, tanto no evento geral quanto na I Fetec Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), além de prêmios na nova categoria Maker (específica para projetos com protótipos e/ou produtos com o foco em inovação e aplicações práticas).

Confira a lista dos principais prêmios recebidos pelo IFMS na Fetec MS

As conquistas do projeto "Autismo por outra lente", por exemplo, incluem o primeiro lugar da área de Linguística, Letras e Artes, a publicação de artigo em revista científica e o credenciamento para a edição 2023 da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), promovida anualmente pela Universidade de São Paulo (USP).

"Antes de entrar no IFMS não me via como uma pesquisadora, não me via com a capacidade de ajudar a comunidade nesse nível. Depois você vê que isso é possível, mesmo sendo adolescente, e estando no ensino médio”, ressalta a estudante Mariana, premiada na Fetec MS.

E isso foi possível graças à motivação pessoal da estudante do curso técnico integrado em Mecânica do Campus Campo Grande, Mariana Vargas Lopes, 15, em registrar o cotidiano da própria família, buscando, assim, contribuir para uma sociedade com mais inclusão.

“Meu projeto consiste num e-book de fotografia documental do cotidiano de uma família atípica, mais especificamente, de um menino com autismo, meu irmão mais novo. Busco disseminar informações sobre o transtorno do espectro autista e trabalhar a conscientização da população em relação ao tema, para assim ajudar na criação de uma sociedade mais inclusiva. É muito gratificante receber prêmios por um trabalho que vem do fundo do meu coração, no qual coloquei tanto esforço””.

O e-book está disponível gratuitamente on-line.

Para ela, descobrir-se uma pesquisadora ainda no ensino médio só foi possível por estudar no Instituto Federal.

“Uma das minhas maiores aprendizagens com esse projeto foi perceber como temos o poder de mudar nossa realidade. Antes de entrar no IFMS não me via como uma pesquisadora, não me via com a capacidade de ajudar a comunidade nesse nível. Depois de um empurrãozinho dos professores e da instituição, você vê que isso é possível, mesmo sendo adolescente, e estando no ensino médio”.

Iniciação científica – A professora de Português/Inglês do Campus Campo Grande, Leticia Cavalcante, é a orientadora do projeto. Ela ressalta os benefícios que a iniciação científica promove na formação dos estudantes.

“A iniciação científica permite aos estudantes a aplicação prática dos conhecimentos, além de possibilitar que eles pensem em propostas de intervenção e de colaborar com a sociedade, por meio do conhecimento científico produzido dentro da instituição”, aponta a professora Leticia Cavalcante.

“A iniciação científica permite aos estudantes a aplicação prática dos conhecimentos, além de possibilitar que eles pensem em propostas de intervenção e de colaborar com a sociedade, por meio do conhecimento científico produzido dentro da instituição”.

Especificamente em relação à participação em eventos científicos, a docente acredita que isso também impacta positivamente no percurso acadêmico dos alunos de diversas formas, possibilitando a eles uma ampliação do conhecimento, e contato com outros pesquisadores.

Dar visibilidade ao IFMS é outro aspecto ressaltado por ela. “Quando um aluno participa de eventos, está levando o nome da instituição para fora, mostrando que dentro do IFMS são produzidas muitas pesquisas com grande relevância para a sociedade. Se um projeto é premiado, também é um reconhecimento do trabalho que é feito dentro do Instituto”, finaliza.

Outras premiações – "Otto: Robo Autônomo" foi o primeiro colocado em Ciências Humanas pela Fetec Fundect, além de receber um certificado de menção honrosa da Superintendência de Gestão de Pessoas de Mato Grosso do Sul.

“Este momento será inesquecível para todos nós. Posso dizer com muito orgulho que nosso projeto tem crescido a cada dia que passa, dentro do laboratório e sendo inserido nas escolas”, comemora a estudante Giovanna Araújo, premiada pelo trabalho 'Otto: Robo Autônomo'.

Sob a orientação da professora Marcia Ferreira Cristaldo, o trabalho é desenvolvido pelos estudantes do Campus Aquidauana, Giovanna de Castro Araújo, 16, Isabelle de Arruda, 16, Pedro Henrique Corrêa, 17, e Luiz Eduardo Cavalheiro, 18.

Segundo Giovanna, que está no 4º semestre do curso técnico integrado em Edificações, é extremamente gratificante para a equipe receber um prêmio como esse. Para isso, o apoio do campus foi imprescindível.

“Este momento será inesquecível para todos nós. O Otto é um robô educativo, com o principal intuito de ensinar a robótica básica para crianças e adolescentes de escolas públicas. Posso dizer com muito orgulho que nosso projeto tem crescido a cada dia que passa, dentro do laboratório e sendo inserido nas escolas”, comemora.

"Produtividade e variação genotípica da mandioca como fonte de ferro, zinco e selênio para a alimentação humana" foi outro projeto do Instituto Federal premiado na classificação da Fetec Fundect, com o 1º Lugar de Ciências Agrárias.

“O trabalho visa identificar genótipos que possam contribuir para produção do estado e que possam conter boas capacidades nutritivas com relação a Ferro, Zinco e Selênio, evitando problemas que podem ser causados pela deficiência dos mesmos”, explica um dos participantes do trabalho, o estudante Natã de Souza Carrion, 17, do curso técnico integrado em Agropecuária do Campus Nova Andradina.

Ele avalia como muito positiva a experiência de participar do evento. “Apresentar o projeto na Fetec contribui muito para meu desenvolvimento, não só pessoal, mas também profissional.  Ganharmos o prêmio tornou o evento mais extraordinário ainda e foi motivo de muita felicidade, pois saber que seu esforço foi reconhecido traz aquele sentimento de gratidão e satisfação”.

A equipe do trabalho conta ainda com os estudantes Carlos Eduardo Azevedo, Marco Antonio Polatto e Polliany Vitória Mendes, sob orientação do professor Elcio Ferreira dos Santos.

Fetec MS – A relação de todos os trabalhos premiados no evento está disponível no site da Fetec MS.

Vários outros projetos do IFMS receberam premiações especiais no evento, como menções honrosas. No total, 49 projetos desenvolvidos nos dez campi da instituição foram apresentados na Fetec por 111 alunos.

Mostratec – Também no fim do mês passado, o trabalho "Películas Biodegradáveis à Base de Quitosana e Pseudocaule de Bananeira" foi premiado na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), realizada anualmente pela Fundação Liberato na cidade de Novo Hamburgo/RS.

O evento reúne projetos de pesquisa em diversas áreas do conhecimento, desenvolvidos por jovens cientistas da educação infantil ao ensino médio.

O projeto do IFMS premiado no evento foi apresentado por Maria Carolina Miranda de Jesus, 19, que já concluiu o curso técnico integrado em Informática no Campus Corumbá. Foi orientado e coorientado pelos docentes Rogers Espinosa de Oliveira e Deisy dos Santos Freitas, respectivamente.

A premiação foi o 4° lugar na categoria Bioquímica e Química, além de publicação em uma revista científica. 

Como o próprio nome do trabalho indica, o resultado foi o desenvolvimento de uma película biodegradável semelhante ao plástico convencional, tendo como como base o pseudocaule de bananeira, uma matéria rica em celulose, e a quitosana, uma substância extraída a partir da quitina encontrada na carapaça dos crustáceos. O objetivo principal é contribuir para a diminuição da poluição.

“O plástico convencional, derivado do petróleo, leva mais de 100 anos para degradar na natureza, gerando um grande acúmulo desse material e causando vários problemas no meio ambiente. A melhor alternativa é a produção de plásticos biodegradáveis que possam substituir o convencional e que tenham capacidade de degradar em menos tempo", explica Maria.

Além deste, o IFMS foi representado no evento por outros cinco projetos, desenvolvidos nos campi Corumbá, Campo Grande, Dourados, Nova Andradina e Três Lagoas. A delegação da instituição no evento contou com 12 estudantes e três professores.

Principais prêmios na Fetec MS