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ENTREVISTA

Diego Henrique Pereira de Viveiros

Assistente em Administração da reitoria, atual Diretor de Recursos Materiais do IFMS
por Juliana Aragão publicado: 04/07/2016 16h00 última modificação: 05/07/2016 08h32

Quem vê o Diego Viveiros em meio a contratos e licitações nem imagina que um dia o diretor de Recursos Materiais do IFMS já foi jogador profissional de futebol de salão. Jogou até em um time no interior de São Paulo por onde o craque Falcão havia passado! Foi nas quadras que nosso entrevistado do Perfil do Servidor entendeu a importância do esporte para a vida, e teve a oportunidade de conhecer outros países.

As dificuldades de se manter no esporte profissional fizeram Diego se dedicar ao estudo do Direito. Começou o curso na (UFGD) Universidade Federal da Grande Dourados, e terminou na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), em Campo Grande. O futebol, é claro, continua sendo a grande paixão. Mas, agora, só por hobby!

Em 2011, na reta final da faculdade, Diego prestou o concurso para assistente em administração do IFMS. Passou e foi lotado na Pró-Reitoria de Ensino, onde só atuou por dois dias. Foi na Pró-Reitoria de Administração que o jovem servidor começou a escrever sua história na instituição.

Em breve, a vida de Diego, hoje com 27 anos, ganhará um novo capítulo, cheio de emoção. Ficou curioso para saber por quê? Descubra no bate-papo a seguir.

A maioria dos servidores do IFMS não sabe que você foi jogador de futebol de salão profissional. Como é que foi essa história? O futebol sempre existiu na sua vida?

Sempre, o futebol sempre fez parte da minha vida. Desde a oitava série eu estudo com bolsa em colégios particulares. Cheguei a fazer testes em times de futebol de campo, mas sempre me dei melhor com o futsal. Hoje, eu já não estou mais treinando, tenho muitas outras coisas pra fazer, mas eu ainda jogo. Tento parar, mas não consigo.

Como é que essa paixão da infância se tornou algo profissional?

Eu tive a oportunidade de conhecer jogadores que foram muito bons, de seleção. Essa coisa de se profissionalizar aconteceu quando eu já estava em Dourados, tinha passado no vestibular para Direito na UFGD [Universidade Federal da Grande Dourados] e fiquei durante um ano lá. Nesse período, eu conheci um jogador da seleção italiana - ele é douradense, naturalizado italiano - foi ele que começou a conversar comigo a respeito disso. Eu tinha um outro amigo lá de Dourados que já tinha sido jogador profissional, jogou em times grandes do futsal do Brasil e ele sempre falava que eu tinha que virar jogador, que eu tinha que ir e tentar. Acabou que esses dois me empurraram pra essa carreira.

Onde você jogou profissionalmente?

Em 2008, eu fui pra um time que chama Inteli, de Orlândia, no interior de São Paulo, considerado um dos maiores times do Brasil de futsal, ele é bicampeão brasileiro, Falcão jogou lá durante um tempo. É um time que investe bastante. Aí eu fui, mas pra categoria sub-20, porque eu ainda tinha 19 anos, fiquei durante seis meses lá. Só que ocorreram uns problemas com a direção, eles resolveram cortar categoria de base para investir só no profissional, aí eu acabei indo treinar no time do treinador da seleção paulista, que era um time da cidade de Pindamonhangaba, perto de Campos do Jordão. Eu fiquei mais seis meses nesse time, acabei jogando uns três ou quatro campeonatos nesse período, a gente ganhou dois, mas foi um período bem proveitoso.

Você conheceu outros países, não é? Jogou em lugares fora do Brasil?

Sim, já joguei. O que ocorreu foi o seguinte: no final de 2008, eu sentia muita falta da família. Pindamonhangaba era uma cidade muito longe, ela é próxima do Rio de Janeiro, então era muito difícil eu vir para Campo Grande. Eu fui no meio do ano e só voltei no final do ano. E eu estava vendo que não ia conseguir conciliar os estudos, e aí resolvi parar. Conversei com o treinador, pedi para ele me liberar e acabei vindo embora. Em 2009, comecei a minha faculdade na UCDB [Universidade Católica Dom Bosco]. Conversei com o treinador de lá e aí a gente acertou pra ele poder me dar bolsa e eu treinar.

Em março de 2009, mais ou menos, esse mesmo jogador da seleção italiana tinha retornado pra Itália. O nome dele é Deco. Ele começou a conversar comigo, disse que tinha falado de mim lá, que eles estavam precisando de jogadores jovens e queriam que eu fosse jogar. Fiquei empolgado de conhecer um novo país. Eu fui pra Itália e fiquei um mês treinando lá no time que ele estava e acertei tudo, assinei contrato com eles pra voltar em agosto. Porque a temporada vai de agosto a maio. Voltei pra cá e fiquei esperando eles conseguirem minha documentação.

Aí que veio o grande problema, porque eu não tenho nacionalidade, e eles iam ter que pagar as taxas e os custos para o visto de estrangeiro. Começaram a querer descontar o valor do salário que eu tinha acertado com eles. Conversei bastante com esse meu amigo jogador e ele acabou falando pra mim: larga mão, você vai ganhar pouco, vai ficar muito longe, então não compensa, acho que você tem que seguir no estudo. Aí eu acabei desistindo, fiquei na UCDB durante esses quatro anos, terminei minha faculdade e continuei jogando.

Recentemente você foi pro Japão...

Sim, em 2015 apareceu a oportunidade de a seleção de futsal aqui do estado ser convidada pra participar de um campeonato lá. O treinador que assumiu a seleção foi meu treinador na UCDB durante todo esse tempo. Eu estava até parado, não estava treinando nem nada, mas ele me ligou e falou: pode voltar a treinar, conto com você! A gente encarou essa, daí acabei indo pro Japão disputar o campeonato.

O que o esporte ensinou pra você? Pra sua vida, o que ele trouxe de positivo?

O esporte é sempre bom, você aprende muita coisa. Você deixa as suas individualidades meio que de lado, aprende convivência em grupo e vê que não é você que vai fazer a diferença, então é uma coisa mais de grupo, de hierarquia, questão de respeito, disciplina. E, no meu caso, o futsal me deu uma das coisas mais valiosas que foi o estudo, desde o ensino médio, faculdade, sempre foi o futsal que bancou os meus estudos.

Por falar em faculdade, o Direito caminhou em paralelo ao futsal, mas ele é também uma paixão na sua vida?

Eu acho que na questão profissional, nunca tive outro foco na vida, sempre fui focado em Direito, até por uma questão de família, meu pai sempre quis que eu fizesse, que partisse pra área de concurso, então sempre fui condicionado, nunca nem pensei em outra profissão. Eu gosto, gosto bastante. Hoje eu não estou podendo atuar por conta das minhas atribuições aqui, mas gosto bastante, leio muito. O Direito entrou na minha vida em 2007, quando passei no vestibular da UFGD, acabei indo pra Dourados e foi uma coisa que me levou a conhecer essas pessoas do futebol e me proporcionou muita coisa, viajei pra Itália, viajei pro Japão e é tudo meio que interligado.

Continuando a interligar as coisas, o Instituto Federal veio no final da sua faculdade...

Sim, na verdade quando eu entrei no Instituto eu estava começando meu quarto ano de Direito. Entrei no início de 2011, nesse período eu ainda treinava regularmente. Trabalhava o dia inteiro aqui no Instituto, fazia faculdade à noite e treinava das 22h30 à meia-noite. Foi um período bem puxado da minha vida.

Na sua trajetória dentro do Instituto, você passou para a vaga de assistente em administração. Aí de cara você já foi para o setor administrativo?

Sim, eu entrei no Instituto e acho que fiquei um ou dos dias na Pró-Reitoria de Ensino, mas foi uma coisa que não tinha muito a ver e o pessoal já acabou me direcionando para a Proad [Pró-Reitoria de Administração]. Comecei atuando na parte de compras e contratos. Na época, a Daniela [Matté Amaro Passos, atual pró-reitora de Desenvolvimento Institucional] era responsável por essa parte, ela foi uma pessoa que me ajudou bastante no início e eu continuo nessa área até hoje.

Hoje, aos 27 anos, você é diretor de Recursos Materiais, exatamente um setor que lida com contratos, com licitações, com compra no serviço público. É um setor que às vezes chega a ser questionado por conta do tempo da compra no serviço público?

Sim. Às vezes, as pessoas criticam até por não entenderem que demora muito, que tem muita burocracia, mas a compra do serviço público é muito delicada, você está lidando com dinheiro, você está aplicando o dinheiro da população, da sociedade. Então realmente tem uma série de requisitos, tem um processo muito cauteloso. Você tem que tomar cuidado, tem que cumprir uma série de fases e, às vezes, as pessoas não entendem isso. Às vezes fazem o pedido, entregam e falam: eu já pedi e não saiu ainda. Mas não entendem o processo que isso leva.

Nesses cinco anos de Instituto, você considera que está crescendo junto com a instituição?

Com certeza, tudo que eu sei de serviço público foi aqui, até porque é meu segundo emprego na vida. Eu tinha trabalhado antes no IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], mas foi uma experiência rápida e era uma coisa que não tinha muito a ver com a parte administrativa, então o que eu sei da parte administrativa eu aprendi aqui. A gente errou, acertou muito mais que errou, mas a gente foi crescendo junto. Entendo que cresci junto com o Instituto.

A instituição ainda está em expansão, a gente ainda tem campi sendo construídos, então tem muito trabalho ainda pra Proad, para esse setor de compras e licitações...

A verdade é que é um setor que nunca para. A demanda sempre existe, sempre uma coisa nova, e a gente até brinca ali que tem que ser especialista em várias coisas, porque chega uma demanda e você tem que entender daquilo, tem que providenciar aquilo, então é um trabalho com um fluxo muito grande de coisas pra fazer. Existem coisas que são rotineiras, todo ano você precisa fazer, então a demanda sempre existe. Lógico que em um período de expansão acaba sendo um pouco maior, mais atribuições.

Eu acredito que já atingimos um grau de maturidade aqui no Instituto em que podemos contar muito com o apoio dos campi, até mesmo os três novos campi já estão desenvolvendo muitas atividades, ajudando bastante, porque realmente no início foi bem complicado, a questão da centralização nos prejudicou bastante no início. A gente teve muitas dificuldades por conta disso.

E os planos para o futuro, Diego? Quais são?

Então... (risos) Os planos estavam feitos de uma forma, mas aí uma notícia me pegou meio de supetão, me pegou desprevenido. Meu casamento estava marcado pro ano que vem, já estava tudo acertado com o fornecedor, e aí descobrimos que minha noiva estava grávida e o bebê nasce no final do ano. Tivemos que antecipar tudo e conseguimos marcar para agosto. Os planos estavam feitos de uma forma, mas Deus quis diferente. Agora, a gente está se preparando pra isso.