Reditec 2025
Liderança feminina na Rede Federal é tema de debate inédito
Texto: Flavia Carpanedo (Ifes)
Revisão: Juliana Aragão (IFMS)
Pela primeira vez desde que foi instituída, há 49 anos, a Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Reditec) abriu espaço para debater a participação das mulheres em cargos de liderança. O debate inédito intitulado ‘Reditec Mulher’ é um dos destaques da edição 2025 do evento, sediado pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) na cidade de Bonito (MS).
“Queremos fazer sucessoras e, por isso, propomos no Reditec Mulher reflexões sobre como servidoras podem ocupar mais cargos de liderança e de que forma essa missão pode ser tornar menos penosa para essas líderes”, ressalta a reitora do IFMS e anfitriã, Elaine Cassiano.
No palco, as reitoras Elaine Cassiano (IFMS), anfitriã do evento, Ana Paula Giraux (Colégio Pedro II), Ana Paula Palheta (IFPA) e Nídia Heringer (IFFarroupilha) falaram sobre os desafios que enfrentam como líderes.
Elaine, primeira mulher eleita para o cargo de reitora do IFMS e, atualmente, no segundo mandato, relembrou sua trajetória de vida e carreira, e dos desafios para acessar a formação profissional e alcançar cargos de liderança.
“Atualmente, somos dez reitoras no universo de 41 instituições da Rede Federal, número que precisa ser ampliado. Queremos fazer sucessoras e, por isso, propomos no Reditec Mulher reflexões sobre como essas mulheres podem ocupar mais cargos de liderança e de que forma essa missão pode ser tornar menos penosa para essas líderes”, ressalta.
Ana Paula Giraux falou das referências familiares femininas, como a avó, costureira que só estudou até a antiga quarta série, e a mãe, mulher que a guiou. “Nunca ouvi que não poderia fazer alguma coisa por ser mulher”, contou, relatando uma passagem sobre o início de namoro dos pais, quando a mãe estabeleceu que eles não eram ‘propriedade’ um do outro, mas sim pessoas que estavam juntas porque queriam.
“Somos quase o mesmo número de servidoras federais que o de homens, mas ocupamos muito menos funções e cargos. E quanto mais subimos no organograma, menos espaços ocupamos, e nós não enxergamos isso como desigualdade salarial”, enfatizou a reitora do IFPA, Ana Paula Palheta.
Giraux iniciou a vida profissional como professora e destacou que, em um ambiente com predominância de mulheres, passou a ser vista por elas como alguém que poderia ser gestora. Inicialmente, não se sentia confortável com a ideia, mas foi provocada pela filha.
Ana Paula Palheta, professora de Antropologia, contou que já em sua formação na área se deparou com a questão de gênero, tema que passou a acompanhar nas esferas profissional e individual.
“Nós somos quase o mesmo número de servidoras públicas federais que o de homens, mas ocupamos muito menos funções de gestão e cargos de direção. E quanto mais subimos no organograma, menos espaços ocupamos, e nós não enxergamos isso como desigualdade salarial”.
Nídia Heringer reforçou que nenhuma mulher caminha sozinha.
“Não cheguei até aqui sozinha. Há muitas mulheres que nem conheci a quem devo muito, mulheres que escreveram o que li, que criaram personagens que me inspiraram. Cheguei por meio de mulheres que admiro, mulheres que olhava e pensava que elas não podiam passar por tudo que passaram - na família, na vizinhança, na Rede Federal”, emocionou-se ao dizer.
A reitora gaúcha citou o poeta Manoel de Barros, parafraseando: “toda mulher já carregou muita água na peneira”.
"Esperamos que seja uma tradição termos o ‘Reditec Mulher’ como uma forma de mais servidoras ocuparem cargos de liderança, e que isso se reflita em nossas estudantes, para que elas tenham referências femininas em liderança”, destacou a reitora do Colégio Pedro II, Ana Paula Giraux.
Após os relatos das reitoras, o debate foi aberto ao público presente no Auditório Guaicurus. Entre os temas abordados estão: formação de lideranças femininas, conselhos para futuras gestoras, políticas específicas para estudantes e servidoras mulheres, empoderamento, sororidade, igualdade de direitos e os papéis sociais da mulher.
Ao final dos debates, as reitoras levantaram a possibilidade de se instituir o evento ‘Reditec Mulher’ na Rede Federal, tendo até a sugestão de o IFPA sediá-lo já em 2026.
“Essa atividade da qual participamos aqui em Bonito foi a pedra fundamental. Esperamos que seja uma tradição a partir de agora termos o ‘Reditec Mulher’ como uma forma de mais servidoras ocuparem cargos de liderança, e que isso se reflita também na vida de nossas estudantes, para que elas tenham referências femininas quando o assunto for liderança”, destacou Ana Paula Giraux.
A ‘Reditec Mulher’ é tema do episódio 1 do ‘Prosa em Rede’, publicado no Canal da Reditec 2025 no Youtube.
Programação - As atividades da Reditec 2025 seguem até esta sexta-feira, 5, com palestras sobre matriz orçamentária, internacionalização, ampliação da oferta noturna e transformação digital, além Feira de Economia Solidária e das Tendas de Boas Práticas, com apresentação de iniciativas que podem inspirar outras instituições da Rede Federal.
Durante o encerramento, serão apresentados os resultados do inventário de emissões de gases de efeito estufa da Reditec 2025, estudo feito pela Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), bem como as propostas de ações de mitigação e compensação e recomendações para reduzir emissões em futuras edições do evento.
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