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Naviraí

Trabalho aponta condições favoráveis ao cultivo da mandioca

Publicado em revista internacional, artigo apresenta zoneamento agrícola da Região Centro-Oeste para melhoria do cultivo da mandioca em cenários de mudanças climáticas
por Vinicius Vieira publicado: 28/09/2020 08h39 última modificação: 28/09/2020 08h39
Artigo é fruto de projeto de pesquisa do Campus Naviraí - Foto: Arquivo Pessoal

Artigo é fruto de projeto de pesquisa do Campus Naviraí - Foto: Arquivo Pessoal

Estudantes e professores do Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) publicaram, neste mês, um estudo feito com base nas características do clima e do solo na região Centro-Oeste que favorecem o cultivo da mandioca.

Publicado na revista científica internacional Theoretical and Applied Climatology (Climatologia Teórica e Aplicada, em inglês), o trabalho realizou o zoneamento agrícola para plantação da planta tuberosa, demonstrando haver alta aptidão para o cultivo, com 86,6% da região em condições favoráveis.

Participaram da produção dos artigos os estudantes Pedro Antônio Lorençone, João Antônio Lorençone, Gabriel Henrique de Olanda Souza e Rafael Fausto de Lima, e os professores Lucas Aparecido e Guilherme Botega.

“A região apresenta temperaturas médias do ar entre 20 a 30°C e precipitações anuais de 1200 a 4000 mm, além de possuir solo com taxa de argila entre 15 e 35%, sendo bem drenados. Essas condições enquadram-se muito bem com o ideal para o bom desenvolvimento da mandioca”, afirma Lucas.

A publicação é fruto de projeto de iniciação científica coordenado por Lucas junto a estudantes de ensino médio integrado, em que foram analisados dados de precipitação e temperatura do ar do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e de quantidade de argila no solo da SoilGrids.

Gráfico Artigo

Variação espacial da temperatura, precipitação, altitude e argila no solo 

Já o Intergovernamental Panel On Climate Change (IPCC, Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, em inglês), das Organizações das Nações Unidas (ONU), forneceu dados que permitiram aos pesquisadores realizar projeções de mudanças climáticas para verificar a adaptação do cultivo em cenários de novas configurações de clima na região.

“Essas publicações representam o resultado da dedicação e evolução de nossos estudantes, que a cada projeto aprendem mais sobre as análises e métodos científicos, bem como a organização necessária para um projeto" destaca o professor Lucas Aparecido.

“Caso ocorra aumento na temperatura do ar, a área apta para a mandioca irá reduzir drasticamente, podendo ser nula caso o aumento seja de 4,5 ou 6,0°C. Da mesma maneira, se a precipitação aumentar entre 15 e 30%, a região possuirá uma área apta menor. Por outro lado, se as chuvas reduzirem na mesma proporção, o cultivo da mandioca será facilitado”, comenta Lucas sobre alguns achados do trabalho.

Além das projeções de impacto da mudança climática, que Lucas avalia como “inevitável”, o professor destaca que o trabalho pode ser útil aos produtores ao apontar as áreas com maior facilidade de cultivo da mandioca na região.

“O artigo representa um pontapé para pesquisas mais aprofundadas sobre a cultura, principalmente para o Centro-Oeste, região em que são escassos trabalhos científicos para culturas de menor expressão. Na prática, torna-se um incentivo, tendo em vista que grande parte da região é cultivada apenas com a sucessão de soja e milho, com baixa preferência para escolha da mandioca”, afirma. 

O trabalho foi desenvolvido por estudantes e professores do Grupo de Pesquisa Recursos Naturais e Tecnologias Agropecuárias (Renta). Lucas destaca a relevância de publicações científicas feitas por estudantes do ensino médio.

“Essas publicações representam o resultado da dedicação e evolução de nossos estudantes, que a cada projeto aprendem mais sobre as análises e métodos científicos, bem como a organização necessária para um projeto e o mais importante, o comprometimento e a seriedade que a ciência necessita”, finaliza.

Koppen-Geiger and Camargo - Um segundo artigo publicado pelo professor neste mês, na mesma revista, utiliza as classificações climáticas de Koppen-Geiger and Camargo para detalhar o clima da região Centro-Oeste

Segundo Lucas, a partir de um maior detalhamento do clima é possível definir as melhores culturas para cada cidade da região Centro-Oeste, além de ajudar na escolha da melhor janela de plantio para favorecer a produtividade da cultura.

“As duas classificações praticamente se complementam. A classificação de Koppen é de mais fácil de entendimento, enquanto que a classificação de Camargo utiliza de informações de balanço hídrico para estabelecer as classes climáticas”, explica Lucas, afirmado que a classificação de Camargo é mais favorável para a agricultura.