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Dia da Mulher

Meninas são maioria no técnico integrado em Administração

No dia em que o mundo celebra a luta das mulheres por igualdade, confira o que três estudantes do IFMS pensam sobre o futuro
por Laura Silveira publicado: 08/03/2023 16h51 última modificação: 13/03/2023 15h10
  • Larissa Alves é uma das estudantes do curso técnico integrado em Administração na Capital - Foto: Acervo Pessoal

  • Em Campo Grande, 79% do corpo discente do curso é de meninas - Foto: Acervo Pessoal

  • No turno matutino, são 31 alunas no total de 41 estudantes; no vespertino, são 33 de 40 - Foto: Acervo Pessoal

“O futuro é feminino”. A expressão traduzida do inglês (The future is female), apesar de parecer recente e estar em alta, foi usada como slogan de uma livraria de Nova Iorque em meados da década de 70. Mais de 40 anos depois, difícil afirmar que a frase com tons de profecia tornou-se realidade.

Neste 8 de março, em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher – só oficialmente criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, mas cujas raízes históricas datam do início do século XX – o Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) registra um dado interessante e promissor, que vislumbra esse futuro mais inclusivo.

A proporção de estudantes do sexo feminino no novo curso técnico integrado em Administração, ofertado a partir deste semestre pelo IFMS em Campo GrandeDourados, é muito mais expressiva do que a de alunos. 

Na Capital, o curso tem 79% de estudantes meninas. No turno matutino, são 31 alunas no total de 41 matriculados; no vespertino, são 33 de 40. Em Dourados, são três turmas que somam 125 alunos, dos quais 86 são do sexo feminino, o que representa quase 70% do total.

Sociedade em evolução - As três estudantes entrevistadas para esta matéria especial do Dia Internacional da Mulher concordam que a sociedade evoluiu bastante no que tange à diminuição de atitudes machistas e inclusão das mulheres em espaços de poder, mas que ainda há muito a ser melhorado.

"Enquanto mulher, espero que a sociedade evolua. Já evoluiu muito, mas a nossa sociedade tem muito o que melhorar. E espero que, como mulher, eu faça o meu papel para mudar essa realidade", afirma Larissa Alves, 14, estudante de Campo Grande.

Para as adolescentes, o IFMS é uma instituição que proporciona oportunidades para um futuro promissor. Futuro esse que desejam não só para si, mas para todas as mulheres, pois a evolução - para elas - é coletiva.

Larissa Santos da Silva Alves, 14, aluna do Campus Campo Grande, optou pelo IFMS porque buscava qualidade no ensino. Ela resume a instituição em uma só palavra: oportunidade. E ficou extremamente feliz quando percebeu a sala cheia com 31 meninas no primeiro dia de aula. "É isso que a gente quer para o futuro do nosso país", aponta.

Para ela, o machismo existe e deve ser combatido.

"É de conhecimento de todos que desde os tempos antigos até hoje em dia há muito machismo dentro de empresas e organizações, onde a mulher geralmente ocupa cargos mais baixos. Mente quem fala que não existe! E ainda existe em lugares que não deveria, até mesmo dentro da escola".

A estudante, que pretende ser médica, conta que várias amigas desejam ser chefes em grandes empresas. E quando vislumbra o seu futuro, Larrisa torce também para tantas outras meninas que sonham com uma sociedade mais justa. 

"Nunca tive problema em ser mulher. A sociedade melhorou muito, a cada tempo evolui mais, mas acredito que ainda temos muitas barreiras e rótulos a quebrar e rasgar!", opina Ana Luiza, 14, também estudante de Administração na Capital.

"Enquanto mulher, espero que a sociedade evolua. Já evoluiu muito, a gente escuta vários relatos de mulheres no passado que não tinham oportunidade de estudo como a gente tem hoje, que não tinham escolha do que usar na rua, mas a nossa sociedade tem muito o que melhorar. E espero que, como mulher, eu faça o meu papel para mudar essa realidade".

A adolescente finaliza com uma mensagem positiva. "Tenho esperança de que as coisas estão caminhando para o lugar certo, já vencemos muitas coisas. E eu sei que vamos vencer muito mais se as mulheres continuarem lutando, por coisas que nem deveriam ser faladas ou pelas quais nem deveriam precisar lutar porque já são nossas por direito".

Ana Luiza Nascimento Barbosa, 14, outra aluna do curso na Capital, escolheu o técnico integrado em Administração por querer ter o próprio negócio futuramente. Ela espera alcançar seus objetivos e ser reconhecida pelo trabalho que desenvolver.

"Nunca tive problema em ser mulher e não poder fazer alguma coisa por causa disso. A sociedade melhorou muito, a cada tempo evolui mais, mas acredito que ainda temos muitas barreiras e rótulos a quebrar e rasgar!".

"Nossa sociedade melhorou num grau até que aceitável ao longo dos anos, mas ainda temos que melhorar muito, e evoluir para uma sociedade mais sábia, compreensível, estável, respeitosa e segura", afirma Laís dos Santos, aluna de Dourados.

Estudante do mesmo curso no Campus Dourados, Laís Heck dos Santos, 15, optou por Administração pois queria aprender a gerenciar empresas e ter conhecimentos em empreendedorismo. O IFMS foi uma escolha dela. "É a melhor escola da cidade e oferece o ensino técnico integrado, que agrega muito para o futuro".

Laís também espera uma evolução na sociedade, com mais compreensão e segurança para as mulheres.

"Enquanto mulher, espero uma sociedade mais compreensível e segura, não só pelo fato de andar na rua com segurança, mas sim sobre respeito e entendimento dos homens a certos modos de agir, que acabam nos deixando incomodadas ou mal compreendidas. Nossa sociedade melhorou num grau até que aceitável ao longo dos anos, mas ainda temos que melhorar muito, e evoluir para uma sociedade mais sábia, compreensível, estável, respeitosa e segura".

  • Edilene de Oliveira é coordenadora do curso em Campo Grande - Foto: Acervo Pessoal

  • Ana Luiza Barbosa também é estudante de Administração no Campus Campo Grande - Foto: Acervo Pessoal

  • Lais dos Santos é uma das 86 alunas do curso no Campus Dourados - Foto: Acervo Pessoal

Presença feminina - Em Campo Grande, a presença feminina também está na coordenação do curso, cargo ocupado pela professora de Administração Edilene Maria de Oliveira, que trabalha no IFMS há 12 anos.

Para a docente, ainda é cedo para afirmar que essa maioria expressiva de estudantes do sexo feminino no curso técnico integrado de Administração é algo que vai continuar nos próximos anos.

"Ser mulher é ser o que eu quiser ser, é conquistar os mais diferentes espaços, é ter voz, mas só conseguimos isso por meio de muito estudo, dedicação e trabalho”, ressalta a coordenadora do técnico em Administração em Campo Grande, Edilene de Oliveira.

"Por ser a primeira oferta, não temos como garantir que o curso terá sempre este perfil. Em cursos de graduação em Administração, segundo o Censo da Educação Superior divulgado pelo MEC, a maioria também é feminina, mas não em tamanha proporção", comenta.

Edilene destaca a abrangência do curso ofertado pelo IFMS.

"As meninas que optaram pelo técnico em Administração terão um preparo significativo para que, futuramente, possam alçar voos cada vez maiores, na área que quiserem", ressalta.

Para ela, as mulheres podem conquistar o que desejarem, mas é necessário muito esforço.

“Na atualidade, a presença da mulher já é verificada em diversos setores da economia e atividades administrativas, cada vez com mais espaço e destaque. Ser mulher é ser o que eu quiser ser, é conquistar os mais diferentes espaços, é ter voz, mas só conseguimos isso por meio de muito estudo, dedicação e trabalho”, ressalta Edilene.

Mulheres são maioria - No Brasil, a população brasileira tem maioria declarada (51,1%) do sexo feminino, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021. São 108,7 milhões de mulheres e 103,9 milhões de homens.

No IFMS, dados do Sistema Acadêmico, extraído e elaborado pela Direção de Gestão Acadêmica (Dirga), mostram um percentual bem parecido: mais da metade (51,6%) do corpo discente da instituição é feminino. São 7.063 alunas, e 6.560 alunos.

Já em relação ao quadro permanente de pessoal, no total de 1.157 servidores, o número de mulheres (479) representa 41%. A proporção é mais igualitária quando se trata apenas da carreira de técnicos-administrativos, em que o público feminino representa 51%  - 293 servidoras num total de 566. 

Já em relação ao universo docente, o número de mulheres ainda é bem menor proporcionalmente. São apenas 186 professoras entre 405 professores homens. Os dados são da Diretoria de Gestão de Pessoas (Digep).