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Arranjos Produtivos

Modelo agrometeorológico contribui para aumento da produção de soja

Resultado de pesquisa desenvolvida desde 2018 pelo Campus Naviraí foi publicado em revista científica internacional.
por Vinicius Vieira publicado: 03/06/2020 10h12 última modificação: 03/06/2020 10h12

Orientador e estudantes em feira científica

Pesquisa é desenvolvida pelo professor Lucas (centro) junto com estudantes desde 2018 - Foto: Arquivo Pessoal

Um modelo agrometeorológico que permite a produtores de soja de Mato Grosso do Sul aumentar a eficiência da produção e evitar custos desnecessários durante todas as fases do cultivo é o resultado de uma das pesquisas realizadas no Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).

“Os resultados revelam que o déficit hídrico em dezembro [época em que começa o florescimento da soja] possui a maior influência negativa na produtividade da soja no estado", comenta o orientador do estudo, Lucas Eduardo Aparecido.

Desenvolvida desde 2018 por meio do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do IFMS, a pesquisa avalia as relações que variáveis climáticas têm no aumento ou na queda do cultivo da soja nas regiões Norte, Centro e Sul do estado.

Os primeiros achados da pesquisa foram publicados na revista científica Environment, Development and Sustainability (Meio Ambiente, Desenvolvimento e Sustentabilidade, em tradução livre).

“Os resultados revelam que o déficit hídrico em dezembro [época em que começa o florescimento da soja] possui a maior influência negativa na produtividade da soja no estado. Em síntese, quando tem a presença de déficit hídrico em dezembro, as plantas produzem menos”, comenta o orientador, Lucas Eduardo Aparecido.

Florescimento Soja

Ciclo de produção da soja - Fonte: artigo publicado na revista Environment, Development e Sustaintabilty

O estudo utilizou elementos como as temperaturas máxima, mínima e média do ar, a precipitação pluvial, o armazenamento de água no solo e o excedente e déficit hídricos a partir de base de dados da NASA, agência espacial americana, no período 2000-2019. Já os índices sobre a produtividade da soja são da Associação de Produtores de Soja (Aprosoja) no estado e englobam o período 2009-2019. 

“Os produtores podem aplicar os modelos para previsão antes da colheita, facilitando o planejamento da própria colheita, do transporte e do armazenamento, evitando custos desnecessários", afirma o orientador.

A pesquisa foi feita a partir de análises estatísticas e cruzamento de dados, o que permitiu criar modelos para estimar a produção de soja, com possibilidade de previsão de até dois meses de antecedência para as regiões Norte e Central do estado, e de um mês para produtores da região Sul.

“Os produtores podem aplicar os modelos para previsão antes da colheita, facilitando o planejamento da própria colheita, do transporte e do armazenamento, evitando custos desnecessários. Também é possível aumentar a eficiência da irrigação, com aumento na aplicação durante dezembro, evitando redução na produção final da cultura”, explica Lucas.

mapa soja

Distribuição da produção da soja em MS- Fonte: artigo publicado na revista Environment, Development e Sustaintabilty

O professor destaca que o trabalho terá continuidade nos próximos anos, uma vez que as mudanças climáticas, incluídos aí longos períodos de estiagem, estão entre os maiores problemas a serem enfrentados no século XXI.

“Já estamos preparando um projeto para aplicar os modelos gerados nesse fase da pesquisa em diversos cenários de mudanças climáticas, apontando quais desses podem trazer maiores prejuízos à produção de soja no estado e quem sabe para todas as regiões produtoras do Brasil”, conclui Lucas.

Experiência - Um dos estudantes envolvidos com o estudo, João Lorençone, descreve a participação na iniciação científica como o ‘pontapé inicial’ para a compreensão de como a pesquisa acadêmica pode solucionar um problema existente.

“Aprendemos na prática sobre a metodologia e escrita científicas, além das análises estatísticas, que nos ajuda a desenvolver vários artigos e projetos científicos atualmente”, relata.

Na época em que participou do projeto de pesquisa, João fazia o curso técnico integrado em Agricultura. Atualmente, como estudante de Agronomia, o jovem destaca o benefício da verticalização do ensino em sua formação.

“O técnico [em Agricultura] é praticamente o básico da Agronomia, então já comecei o curso com uma visão geral da área e entendendo muitos conceitos. Além de já saber como funciona o estágio e o TCC [Trabalho de Conclusão de Curso], o que tem facilitado muito o meu desenvolvimento no curso”, analisa.

Parte do artigo publicado, inclusive, integrou o TCC da formação técnica de João. Para o estudante, todo a experiência vivenciada na pesquisa, até o momento, é só o início de sua trajetória acadêmica.

“Continuo participando de projetos de pesquisa na graduação e espero continuar na área, fazer um mestrado e doutorado e, se possível, poder trabalhar também com pesquisa científica, quem sabe em uma instituição federal como o IFMS”, finaliza.

Equipe – Além de João, o trabalho teve a participação de seu irmão gêmeo, Pedro Lorençone, ambos do curso técnico integrado em Agronomia na época.

Participaram também os estudantes José Reinaldo Moraes e Kamila Meneses, além do professor do Campus Naviraí, Guilherme Botega Torsoni.