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Ciência e Tecnologia

Feiras demonstram atualidade de pesquisas da educação básica

Trabalhos apresentados na edição 2022 do evento, que marca o retorno ao formato presencial, trazem olhar crítico de estudantes a temas contemporâneos e relevantes
por Vinicius Vieira publicado: 06/10/2022 10h42 última modificação: 20/10/2022 11h11

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Trabalhos apresentados mostram olhar mais voltado a questões sociais e inclusivas - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

Segurança alimentar, disseminação de fake news, conflito entre Rússia e Ucrânia e tecnologias assistivas para inclusão de pessoas com deficiência: são estes os temas predominantes na edição 2022 da Feira de Ciência e Tecnologia de Campo Grande (Fecintec), organizada pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).

Com a participação de 272 estudantes de escolas públicas e privadas da capital, o evento conta com a exposição de 129 trabalhos, sendo 47 pesquisas de alunos do ensino fundamental e 82 de estudantes do ensino médio.

Presente no evento com o projeto Libras Action, a estudante Marina Oliveira, 16, do 2º ano do ensino médio do Colégio Status, transformou a experiência pessoal de relacionamento com sua mãe, com deficiência auditiva, em um jogo que pode ser usado como ferramenta para capacitar professores e estudantes no uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

“Eu percebi que tanto professores quanto influenciadores surdos comentam como é difícil o trabalho e que, muitas vezes, as pessoas não respeitam, acham difícil ou não consideram a Libras importante”, comenta.

O jogo de tabuleiro, voltado para pessoas que possuem um conhecimento básico de Libras, é como uma corrida de peões em que os participantes devem executar as ações descritas como, por exemplo, ‘datilografar’ uma palavra ou expressar o que determinado sinal representa.

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Jogo de tabuleiro ajuda professores e estudantes a praticarem Libras - Foto Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

“O principal objetivo é criar uma maneira de auxiliar professores quando eles receberem um aluno surdo, por exemplo, e também permitir que colegas de classe possam praticar e se familiarizar com Libras”, explica.

Outro trabalho que desenvolve um produto para auxiliar a acessibilidade de pessoas com deficiência é o da egressa do curso técnico em Mecânica do Campus Campo Grande do IFMS, Alice Ribeiro, 18.

Utilizando materiais de baixo custo, Alice criou um mouse adaptado para pessoas com deficiência motora ou mobilidade reduzida. Segundo a estudante, um produto semelhante no mercado custa cerca de R$ 900, enquanto o protótipo desenvolvido por ela tem estimativa de custo de R$ 245.

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Protótipo de mouse de baixo custo foi desenvolvido para pessoas com mobilidade reduzida - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

“O dispositivo permite que o movimento do cursor de um mouse, ou as funções de clique esquerdo, direito e duplo clique sejam feitas no tempo da pessoa com deficiência motora, permitindo mais autonomia dela no uso de computadores”, diz.

Segurança alimentar - O uso do Sistema Agroflorestal (SAF) foi o tema escolhido para pesquisa de três estudantes do 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Agrícola Governador Arnaldo Estevão Figueiredo, localizada em Campo Grande.

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Estudantes de escola municipal expuseram vantagens do Sistema Agrofloresta - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

“Depois da Covid, estamos mais conscientes com nossa saúde e com a qualidade do que ingerimos. Então o uso de SAF no cultivo, além de dispensar a utilização de agrotóxicos, colabora com a produção do pequeno agricultor e assegura a qualidade do solo a longo prazo”, afirma Sthefany Mendes, de 14 anos.

Na pesquisa apresentada, além das referências à literatura que ressalta as vantagens dos sistemas agroflorestais, as estudantes também relatam o cultivo que fazem na horta do colégio em que estudam.

“Nós temos um pé de manga na parte superior e, na parte inferior, plantamos alface e rúcula. Neste caso, as folhas do pé de manga são utilizadas como adubo para o cultivo das hortaliças. Nossa produção ainda é pequena, mas já é consumida pela comunidade da escola”, exemplifica Kauanny Silva.

Tema semelhante pode ser encontrado no projeto Solo Fértil, desenvolvido pela estudante do 7º semestre do curso técnico em Mecânica do IFMS na capital, Vitória Teixeira, 18.

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Iniciativa de horta escolar esteve presente em diversos projetos de pesquisa - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

Inspirado em um projeto internacional da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA), o Solo Fértil promove a educação sobre a segurança alimentar e nutricional por meio das redes sociais, além de estar em processo de desenvolvimento de uma horta no campus da capital e produzir papel semente para distribuição à comunidade da capital.

“O papel semente permite a reciclagem do material que usamos nas aulas, como folhas de anotações antigas, além de disseminar mudas de plantas de forma simples e fácil. Basta triturar o papel, misturá-lo com água, e colocar sementes. Uma vez seco, ele pode ser cultivado como um muda normal”, explica.

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Papel semente é uma das iniciativas de projeto Solo Fértil - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

Espírito crítico - Para a diretora de Pesquisa, Extensão e Relações Institucionais do Campus Campo Grande, Marilyn Matos, os trabalhos apresentados neste ano demonstram uma preocupação mais analítica e crítica das pesquisas realizadas, que podem contribuir para a formação humanista dos estudantes.

“Neste ano, além dos protótipos, que causam impactos em eventos como as feiras científicas, nós temos percebido uma discussão muito mais sociológica e filosófica, tanto que as áreas de humanas e social aplicada, nas quais historicamente há menos trabalhos, parecem ser tendência agora”, afirma.

Marilyn pontua também o fato de as feiras do IFMS, que existem há uma década, estarem contribuindo para que estudantes possam fazer iniciação científica desde o ensino fundamental, o que irá refletir em pesquisa aplicada de qualidade no ensino superior.

“A Fecintec hoje é uma feira consolidada, as escolas nos procuram desde o começo do ano letivo pensando na edição. Nós também estamos sempre dispostos a capacitar professores das redes privada e pública para que trabalhem com a iniciação científica e desenvolvam projetos de pesquisas em suas comunidades”.

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Retorno ao presencial foi celebrado como grande legado desta edição - Foto: Vinícius Villas Boas (Ascom/IFMS)

Retorno presencial - A retomada dos eventos presenciais após o arrefecimento da pandemia é um dos pontos de maior destaque ressaltados pelo diretor-geral do Campus Campo Grande, Dejahyr Lopes.

“Este evento é nosso principal cartão de visitas para a comunidade. Poder voltar a ter este processo de discussões, atenção olho no olho aos estudantes, nervosismo deles diante de avaliadores, tudo isso é o grande legado que este ano deixará para os jovens que participam do evento”, comemora.

Quem desejar conhecer os trabalhos apresentados, pode visitar a Fecintec até sexta-feira, 7. O Campus Campo Grande do IFMS está localizado na Rua Taquari, 831, Bairro Santo Antônio.

Feiras de Ciência e Tecnologia - São realizadas durante a Semana de Ciência e Tecnologia (SCT) e reúnem trabalhos de estudantes dos ensinos fundamental (6º ao 9º ano), médio e técnico integrado de nível médio, de escolas públicas e privadas.

A edição 2022 reúne 645 trabalhos em 10 municípios, que são expostos e avaliados pelas comissões locais. O número é 73% maior com relação à edição do ano passado, que foi realizada em formato on-line. A relação dos trabalhos selecionados está disponível na página das Feiras.

Os trabalhos apresentados são divididos de acordo com as seguintes áreas do conhecimento: Ciências Biológicas e da Saúde; Exatas e da Terra; Humanas, Sociais Aplicadas e Linguística; Agrárias e Engenharias; e Multidisciplinar, para projetos com mais de uma área predominante. 

Todos os autores receberão certificado de participação. Serão premiados trabalhos nas categorias nível médio/técnico integrado e nível fundamental, além de melhores pôster/banner, maquete/protótipo, apresentação oral, relatório, e projeto na categoria nível médio/técnico. 

Este ano, as Feiras do IFMS são realizadas ao longo desta semana de forma presencial, com entrada gratuita a todos os interessados. Em alguns municípios o evento já foi encerrado. Confira as datas:

Feira/Município Data
Feira de Ciência e Tecnologia de Aquidauana (Feciaq) 3 e 4 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia de Campo Grande (Fecintec) 5 a 7 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia do Pantanal em Corumbá (Fecipan) 3 e 4 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia de Coxim (Fecitecx) 4 e 5 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia da Grande Dourados (Fecigran) 5 e 6 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia da Região Sudoeste em Jardim (Fecioeste) 3 a 7 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia de Naviraí (Fecinavi) 5 e 6 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia de Nova Andradina (Fecinova) 4 e 5 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia da Fronteira de Ponta Porã (Fecifron) 4 e 5 de outubro
Feira de Ciência e Tecnologia de Três Lagoas (Fecitel) 4 e 5 de outubro

Semana de Ciência e Tecnologia - É realizada há 12 anos pelo IFMS, sempre no mês de outubro, e tem como objetivo divulgar as ações desenvolvidas com estudantes e servidores da instituição nas áreas do ensino, pesquisa e extensão.

Neste ano, é promovida de 3 a 7 de outubro. Os interessados ainda podem participar de algumas atividades. A programação do evento por município e o acesso ao sistema de inscrições estão disponíveis na página da SCT 2022.