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Reditec 2025

Troca de experiências inspira soluções e aprimoramento de práticas

Reunião dos dirigentes da Rede Federal promoveu espaços de diálogo entre servidores de todo o Brasil. Evento foi realizado em Bonito, de 2 a 5 de setembro
publicado: 10/09/2025 15h54 última modificação: 11/09/2025 16h58
  • Servidores selecionados para Mostra de Experiências Exitosas receberam troféus da Reditec 2025

  • Participantes do evento tiveram a chance de conhecer experiências de sucesso de 14 institutos federais do país

Texto: Flavia Carpanedo (Ifes)
Revisão: Laura Silveira (IFMS)
Fotos: Rodrigo Ávila (IFMS) e Anderson Oliveira

Compartilhar experiências para inspirar, superar desafios comuns e encontrar soluções inovadoras. Com esse objetivo, a 49ª Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições da Rede Federal (Reditec 2025) promoveu dois espaços de troca entre servidores de institutos federais de todo o Brasil. O evento foi organizado pelo Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) na cidade de Bonito.

Entre os dias 2 e 5 de setembro, um total de 48 iniciativas foram apresentadas e debatidas na programação da Mostra de Experiências Exitosas e na Tenda de Boas Práticas.

A Mostra reuniu 18 trabalhos mais bem classificados em seleção realizada pela comissão organizadora do IFMS, respeitando critérios como representatividade das regiões do Brasil. Desenvolvidos em 14 instituto federais, foram divididos em seis eixos temáticos e apresentados no auditório principal do Centro de Convenções de Bonito (MS). Já a Tenda de Boas Práticas contou com 30 apresentações.

Os participantes foram selecionados a partir de experiências concretas nas instituições, contextualizadas e desenvolvidas por meio de projetos, programas ou ações. Elas abrangeram temáticas como gestão acadêmica e de pessoas; inovação e tecnologia; comunicação e extensão; financiamento e governança, entre várias outras.

  • Licenciatura em Educação Escolar Quilombola do IFNMG foi uma das experiências exitosas apresentadas

  • O relato sobre o curso foi feito pelo coordenador institucional, Johnisson Xavier Silva

Experiências exitosas - Ao longo das apresentações no auditório principal da Reditec, os participantes puderam ouvir experiências sobre gestão da oferta de cursos, gestão de pessoas, inovação no âmbito educacional, pesquisa, extensão e financiamento.

As iniciativas buscaram trazer contribuições para pautas importantes para toda a Rede Federal, como alimentação escolar, oferta de cursos alinhada com as demandas da atualidade e das comunidades, acesso, permanência e êxito estudantil.

Uma das experiências relatadas foi a da Licenciatura em Educação Escolar Quilombola do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). A apresentação foi feita pelo coordenador institucional, Johnisson Xavier Silva.

Construído junto com a comunidade quilombola da região, uma das maiores do Brasil, o curso se propõe a incorporar sua história e seus saberes tradicionais. Utiliza a Pedagogia da Alternância, que intercala tempos de estudo na escola com tempos na comunidade.

“A gente sai de dentro das nossas instituições e passa a estar de fato onde deveríamos sempre estar: dentro das comunidades. O curso de licenciatura é construído por eles e não para eles. Isso muda as óticas e as ideias, tenciona um novo tipo de formação", apontou a coordenadora da Licenciatura em Educação Escolar Quilombola do IFNMG, Hellen dos Anjos.

A coordenadora do curso, Hellen Vivian Moreira dos Anjos, conta que a licenciatura está em seu terceiro semestre. Para além dos benefícios de ofertar formação e oportunidades, a experiência tem sido transformadora para o próprio Instituto.

“A gente sai de dentro das nossas instituições e passa a estar de fato onde deveríamos sempre estar: dentro das comunidades. O curso de licenciatura é construído por eles e não para eles. Isso muda as óticas e as ideias, tenciona um novo tipo de formação. Os nossos próprios docentes também sentem a necessidade de se formar para as relações étnico-raciais. Então, assim, vai mexendo em todo mundo, vai mexendo em toda uma estrutura”, ponderou.

Experiências de gestão - tanto de pessoas, quanto de dados e recursos oriundos de diversas fontes - também ganharam o palco. Mesmo com as diferenças, todas tinham pontos em comum: a busca por expandir as fronteiras das atuais políticas públicas e otimizar o que está disponível, de modo a ampliar as oportunidades para estudantes e servidores.

As estratégias tocam, assim, no objetivo de garantir que os estudantes consigam permanecer nas instituições e concluírem seus cursos.

Foi o caso apresentado, por exemplo, pelo IFSuldeMinas, que passou a oferecer uma contrapartida aos servidores que propõem e coordenam projetos de Pesquisa e Inovação. O relato foi feito por Humberto Duque, que contou que a destinação de recursos para pagamento de uma bolsa aos coordenadores fez multiplicar o número de projetos submetidos a programas institucionais e fundações de apoio, o que consequentemente elevou o número de bolsas disponíveis para estudantes.

“Sem dados, não tem política institucional. A ideia do Observatório foi justamente sanar essa lacuna da invisibilidade desses estudantes por meio dos dados, para que a instituição possa enxergá-los e pensar em políticas voltadas para eles”, explicou a coordenadora do Observatório de Cotas do IFCE, Cristiane Souza.

No Piauí, a prova de ingresso para cursos técnicos integrados passou a gerar dados que permitem ao Instituto acolher estudantes em situação de risco acadêmico. Odimógenes Soares contou que a prova passou a ser vista como uma avaliação da proficiência em língua portuguesa e matemática.

Com base nisso, o projeto Recuperação de Saberes fornece suporte, por meio de monitores e professores, para que esse grupo permaneça estimulado com os estudos e não tenha perdas significativas nas notas.

A experiência do Observatório de Cotas, no Instituto Federal do Ceará (IFCE), é outra que aposta na organização e no acompanhamento das informações sobre os estudantes cotistas para aprimorar políticas de permanência e êxito.

“Sem dados, não tem política institucional. A ideia do Observatório foi justamente sanar essa lacuna da invisibilidade desses estudantes por meio dos dados, para que a instituição possa enxergá-los e pensar em políticas voltadas para eles, como, por exemplo, na assistência estudantil”, explicou a coordenadora, Cristiane Souza.

Todos os participantes receberam um troféu da Reditec 2025 ao final das apresentações.

  • Observatório de Cotas do IFCE foi apresentado pela coordenadora Cristiane Souza

  • A Mostra de Experiências Exitosas foi dividida em seis eixos temáticos

Boas Práticas - Em 10 rodadas de apresentações, com três projetos em cada uma, a Tenda de Boas Práticas foi realizada no espaço 'Quintal Manoel de Barros'. O local foi organizado para que todos pudessem se sentar de forma circular, numa proposta de roda de conversa informal.

“O interessante é isso, poder saber o que acontece no dia a dia de outros institutos. Então vejo oportunidades de avançar e compartilhar um com o outro”, destacou o pró-reitor de Extensão do IFSC, Maick Viana.

Após as apresentações, os participantes podiam fazer perguntas e trocar informações. O espaço promoveu encontros de servidores com atuações afins, favorecendo momentos de interação e inspiração. 

Um dos exemplos foi a apresentação do Programa Institucional de Esporte e Lazer (Piel), do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), feita pelo professor Rodrigo Gomes. Ele relatou resultados da realização do Encontro Esportivo do IFMG, como a integração entre gerações e pessoas de vários municípios, além do protagonismo dos jovens no evento.

O professor explicou que o foco do encontro não é a competição esportiva, mas sim trazer o esporte como uma experiência cultural. Ele contou que são integradas diferentes oficinas e modalidades - circo, futmesa, danças, capoeira, entre outras - de modo a valorizar a diversidade. Na avaliação realizada com os estudantes participantes, eles apontam que os melhores aspectos do evento são poder participar e assistir a jogos de vôlei; a alimentação ofertada; e o tempo livre e de convivência.

  • A Tenda de Boas Práticas foi realizada no 'Quintal Manoel de Barros', numa proposta de roda de conversa informal

  • No total, 30 boas práticas foram selecionadas para a Reditec 2025

“O interessante é isso, poder saber o que acontece no dia a dia de outros institutos. Temos o desafio de ir além dos jogos, da competição. Esporte não é só performance e o jovem não deve ser só um consumidor de marcas, de ver na TV o esporte passivamente. Se for bem organizado, o esporte proporciona uma formação integral. O Rodrigo disse que querem avançar para ter uma política no IFMG. No IFSC, nós temos uma política. Então vejo oportunidades de avançar e compartilhar um com o outro”, destacou.

A participação na tenda também foi vista como uma forma de reconhecimento e mesmo de reforço sobre o trabalho diário dos servidores.

“Foi uma honra participar. Fiquei entusiasmada e surpresa por ter sido selecionada. A gente às vezes não tem dimensão da relevância do trabalho. E também é muito bom estar aqui, ver o que os outros realizam e o que podemos agregar ao que fazemos”, contou a assistente de aluno Rozeane Silva, do IF Serão Pernambucano.

Ela apresentou 'A sala de jogos educativos como espaço de permanência, pertencimento e aprendizagem'.

➡️ Confira a lista completa dos trabalhos apresentados!